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Ô, se tu soubesse…

Ô, se tu soubesse… que a cidade respira história, e a fumaça também tem prontuário.  Lá nos tempos de Getúlio, disseram que o aço ia mudar o Brasil. Chegou a fábrica, o emprego, o apito — e a promessa de futuro civil. Mas ninguém falou da fuligem, que pintava o céu de anil com carvão.  A gente achava que era neblina, mas era o pulmão da população. Vieram os anos, veio a conta: rio escuro, planta murcha, gente doente. O vento trouxe diploma de química, mas sem professor presente. Enquanto uns faziam reunião com ar-condicionado, outros contavam criança tossindo no quintal. Chamaram de “ajuste ambiental”… ajuste pra quem respira mal? Aí um dia o barulho não foi de apito, foi de gente batendo na porta. Saiu papel, carimbo e exigência: “limpa o ar, devolve a vida à horta!” Pediram filtro, plano e respeito, porque o básico é cuidar do que polui.  E olha que milagre: até o papel respira, mas a gente quer o direito de respirar também! Ô, se tu soubesse, ô, se tu sentisse, respirar é direito, não é cortesia! Ô, se tu soubesse, ô, se tu ouvisse, que ar limpo é justiça todo dia!