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VOLTA REDONDA ABANDONADA
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Sabe por quanto ele foi "vendido"? ZERO

Sabe por quanto ele foi "vendido"? ZERO O Centro de Puericultura não nasceu como “ativo”. Nasceu como sonho de cidade — aquele projeto varguista de construir Volta Redonda como símbolo nacional: indústria, sim, mas também saúde pública, infância, cuidado e futuro. Esse tipo de equipamento não caiu do céu nem saiu do bolso de acionista. Foi erguido com dinheiro público, num contexto de Estado planejando território, desapropriando, urbanizando, construindo rede de serviços. Era parte do pacto: se a cidade seria atravessada pela máquina do aço, ela precisaria ter estrutura social para sustentar as famílias trabalhadoras. Por décadas, o Centro de Puericultura foi isso: porta de entrada do cuidado. Atendimento, acompanhamento, proteção da infância — gente de verdade, histórias reais, mães, pais, crianças, bairro, vida. Um equipamento que “não dá lucro”, mas dá sociedade. E aí vem a privatização. E com ela vem o truque da planilha. No mundo da avaliação financeira, aquilo que não gera caixa vira “custo”. E aquilo que é terra, prédio e localização — se lançado como “valor contábil”, ou como “bem não operacional” — pode virar uma linha fria no Excel. Um patrimônio social construído pelo Estado e vivido pelo povo passa a ser tratado como estoque imobiliário, “oportunidade”, “ativo para monetização”. É aqui que a ferida abre de novo. Porque quando dizem “é dela porque ela comprou”, a pergunta que ninguém quer responder é: comprou por quanto? Pagou o preço real do que aquilo representa? Ou levou junto, como brinde, um pedaço da cidade que foi construído com dinheiro público e função pública? O Centro de Puericultura é o símbolo perfeito dessa injustiça: o que era direito vira ativo. O que era cuidado vira especulação. O que era futuro das famílias vira número em planilha. E a cidade fica olhando, décadas depois, o próprio patrimônio social ser tratado como mercadoria — enquanto a conta do cuidado volta pro povo: no SUS, na fila, na falta, no abandono. Privatização: a ferida aberta. Porque tem coisa que não se vende. E tem coisa que, mesmo “no papel”, nunca deveria ter sido entregue. #ÉLUTA — Escutar • Cuidar • Organizar

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